Daqui de onde
estou, olho pra trás e vejo o quanto já passei só pra ter teus dedos correndo
minha pele e tua boca me beijando, teu desejo louco perturbando meus sentidos.
Que louco. Esperava mais de mim. Esperava não me deixar exposta, nem a vista,
muito menos à disposição. Que triste estar sempre a postos te esperando. Um
absurdo deixar que todos os teus gostos fluíssem em mim tão perfeitamente. Tão
intenso também querer sentir teu calor mais perto e tocar tuas marcas, teus
pelos, tua incrível falta de cor estampada na pele. Que absurdo te querer até
na rua, em casa, no ar, na terra, no presente e futuro. E quando teus rastros
sumiam, que agonia. Todos me viam e desejavam principalmente o que eu guardava
pro nosso prazer. E eu ia me entregando,
sem cautelas nem roupas, mas você surgia e ressurgia e - mesmo depois de ter jurado minha independência de ti - voltava pro teu suor e instinto animal. Devorava-me
com palavras, mordidas, movimentos, roubava-me
o sim pros teus quereres. Que absurdo chegar ao ponto de ser tua súdita. Dando a ti sem
exigir nada em troca, mesmo morrendo por dentro com sentimentos reprimidos e
abafados. Apertados a tal ponto que amorteceram, dormiram, ou morreram sem ar,
sem alimento. É, meu antigo bem, conseguiste o que não vai ser desfeito. Amor
em excesso machuca, dói, e morre. Morri. Quem diria que agora quem morrerá de
amores é você.